terça-feira, 30 de julho de 2013

os mestres do Pará - etapa 1

Sempre fui apaixonada pelo Pará, meio que amor a primeira viagem. Um estado que conheço bem - desde suas praias "caribenhas" pelos rios Tapajós e Arapiuns, passando pela região sudeste - Marabá, Eldorado dos Carajás, Paraopebas, Serra Pelada, até o Arquipélago do Marajó - onde já filmei bastante e tenho muitos amigos. E mais, bem mais - de Paragominas a São Félix do Xingu. Artesãos, pajés, agricultores, trabalhadores, padres perseguidos de morte por conta da questão agrária, vaqueiros, gente paraense que registrei e eternizei em filme. Mas o desafio dessa vez era novo - registrar dois frutos paraenses que representam uma essência musical - Dona Onete e Mestre Laurentino. E a dose veio dupla. Equipe chegou em Belém e, já cedinho no dia seguinte, seguimos todos juntos - incluso mestres - rumo Igarapé Mirí. À distância eu não entendia - a proposta era de resgatar parte da história de Dona Onete - nos tempos ainda de Professora Ionete - na cidade e região do município de Igarapé Mirí - por que então levarmos Laurentino? O que tinha a ver? A resposta não veio só na forma da comunicação verbal. Veio aos poucos, no perceber, no conviver, no entendimento do sentir que une os dois. Eles já se conheceram maduros e foi um que deu coragem à outra, que justificou o mergulho profundo no mundo musical, no se deixar "ser".
E todos juntos vivenciamos e registramos a visita de Onete ao Rio das Flores,  60 anos depois de ter cantado para os botos, encantada com aquela atmosfera ribeirinha amazônica. E foi logo mais adiante, no rio Maiuatá, que eles apareceram - um enorme boto cor de rosa e outros tantos tucuxis, comprovando que o depoimento de Onete não era fruto da fantasia de uma menina. Testemunhamos juntos - equipe, convidados, familiares - que a "encantadora de botos"- continua encantando-os e nos encantando e  surpreendendo com sua sabedoria, com sua capacidade criativa de compor música - o tempo todo, da mesma forma que respira.

De volta a Belém o mergulho foi em Laurentino. Seu amor pelos 18 cães com quem divide uma casa simples junto a mulher Maria - uma acreana filha de seringueiro, um dos "soldados da borracha" - e toda sua coleção de camisas, anéis, perfumes, sapatos, chapéus. Um colorido intenso, cheiroso, espalhafatoso. O roqueiro mais velho do Brasil é orgulhoso do que faz - suas composições, seus amigos, sua história, seu desapego material. Surpreendente é também a nova parceria com a banda "os cascudos"- uma união genial orquestrada pelo produtor, pesquisador e agitador cultural Beto Fares  - a sensação que se tem é que o velho Mestre encontrou na garotada o casamento perfeito, utópico - que não se imagina possível. Finalmente o velho Mestre do rock parece ter uma banda genuinamente roqueira. Uma mistura que promete vida longa e muita "bandalheira".
Voltamos do Pará novos em folha. E sedentos para a etapa 2, o encontro com Mestre Vieira.
Marcia Paraiso, equipe Plural

Um comentário:

  1. eu vi alguns episódios e adorei,gostaria de saber quando serão disponibilizados na internet.Parabéns para a equipe e para a tv brasil

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