quinta-feira, 2 de maio de 2013

Primeiro capítulo, ou primeiro episódio da série: Mestre Bule Bule.

Foram 15 dias intensos em abril. Chapada Diamantina, Recôncavo Baiano, Vale do Paraguassú, Feira de Santana, Camaçari - Barra do Pojuca. Nós, uma equipe técnica de 6 pessoas, mais o motorista Manuel Claudio que também, ao longo dos longos dias, tornou-se parte, virou equipe - fez carrinho, fez assistência de câmera.

A intensidade deu-se início no prólogo - logo no primeiro dia de filmagem, uma das personagens fundamentais na narrativa de vida, de formação do artista Bule, sua primeira professora, que o introduziu nas letras conectado com as artes e a raiz rural, faleceu na véspera da filmagem programada. O registro do samba que aconteceria sob o pé de mangueira deu espaço pra filmagem de um funeral.  Como se o inevitável da vida lembrasse à direção que o mundo real por vezes é indirigível.

E se seguiram os dias - Sambadeiros da Comunidade de Tocos, Batalhão do Boi Roubado na zona rural da Serrinha, Samba de Roda de Dona Nildes na Barra do rio Pojuca, Pé de Parede com repentistas. Registramos figuras que carregam, de geração em geração, uma sabedoria ímpar, um conhecimento e musicalidade que se perpetuaram através dos tempos, que guardam os sons do sertão: da enxada na terra, das conversas, dos sucessos na colheita, no amor, no desejo de chuva.  Tudo orquestrado pela regência de Bule Bule, Mestre, poeta, lider e referência para muitos que têm a musicalidade nas vísceras.

Demos nosso melhor. Cada um de nós colocou ali o seu desejo de que o público possa também sentir essa emoção de ver e ouvir Bule Bule e o universo que o fez Mestre.

Em breve compartilharemos - "o trovador, o cabra, os mundos"- Bule Bule em Visceral Brasil, as veias abertas da música.