segunda-feira, 30 de setembro de 2013

os viscerais do côco raiz

Eles são a tradução da visceralidade musical. Côco Raízes, no portão do sertão de Pernambuco - cidade de Arcoverde, no início, o encontro das famílias Calixto, Gomes e Lopes, hoje basicamente os Calixto. A história de um homem - Lula Calixto - que se dedicava a vender doces, tocar, cantar, e que foi o escolhido a reconduzir um encontro que levaria ao ressurgimento do Côco na região e cidade de Arcoverde. Um movimento que mudou o destino de várias pessoas e mudou também a história cultural de toda região. Lula Calixto era um visionário, genial e visceral no seu amor pela cultura de raiz. A resistência do Côco impressiona com seu vigor artístico. E impressiona o amor com que Assis Calixto - o irmão que passou a compor após a morte de Lula - conduz a voz e discurso do grupo. De sua oficina saem os tamancos, instrumento de percussão do Côco Raízes. Documentar o grupo foi estimulante para a produção de Visceral Brasil. E a ideia do título surgiu a partir da percepção das relações inter e extra familiares, estabelecidas pelo Côco. "A raiz do amor" foi o nome que brotou pela documentação de um grupo unido pela música, pela dança, pela cultura tradicional de uma região, mas excepcionalmente pelo amor. Que seja eterno o Côco Raízes.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

onde o Brasil é frio

Foram 2 os Mestres-personagens representando o Rio Grande do Sul: Pedro Ortaça e Giba Giba. Além da forte expectativa, levamos na mala um ingrediente inédito - casacos. Que se somaram às luvas, gorros, meias de lã que fomos adquirindo pelo caminho, ao longo das estradas, para suportarmos o inverno gaúcho. Nenhum de nós da equipe conhecíamos a 1a região a ser filmada no Rio Grande, as Missões (os 7 povos das Missões). Logo, cruzamos uma paisagem absolutamente nova dentro da proposta da série - campos naturais, pampas e grandes extensões com predomínio da monocultura da soja, da canola, do trigo, tudo para exportação.

Todo o frio sentido pela estrada se transformou em calor - a chegada na casa da família Ortaça representou um alento: conhecemos os filhos, a produtora/esposa, os amigos e a fartura da mesa gaúcha, muita carne, vinho, sagu, batata doce. Essa confraternização, essa proximidade gradativa e intensa, foi essencial para definir um conceito que norteia o documentário "o som e a cor da minha terra", sobre Pedro Ortaça e sua música  - uma narrativa que fala de dentro do núcleo familiar e que valoriza a tradição missioneira, suas paisagens, seus gostos, cheiros, relações.

Já em Porto Alegre se iniciou o que consideramos uma releitura sobre a música do Rio Grande do Sul e até mesmo sobre seu povo e sua paisagem. Conhecer, filmar e viajar até Pelotas com Giba Giba e seu sopapo - ou o sopapo e Giba Giba - uma tradução de um encontro orgânico entre o percussionista e seu tambor. Ali se deu um "encontro de almas". Filho de Ogum, sagitariano, expansivo, carinhoso, apaixonado. Giba Giba é fantástico. E ficou o receio de não conseguirmos expressar, nesses 26 minutos, um fragmento dessa puta alma de artista.

Já deixou saudades.