terça-feira, 12 de novembro de 2013

só na bahia

Nilo Peçanha, na região da costa do dendê, Bahia, é a cidade do Zambiapunga. Dizem que o berço mesmo foi Cairu, bem ali perto, mas o fato é que o local onde o grupo cultural se desenvolveu, cresceu e fortaleceu, ganhando o Brasil e o mundo foi Nilo Peçanha. Ver o Zambiapunga e seus cerca de 40 homens tocando é uma experiência única. Um mantra original, uma catarse coletiva. O ensaio, realizado na sede do grupo, na periferia da cidade, parece abalar os alicerces da casa. A sonoridade da percussão – enxada + búzio + tambor – resulta numa batida musical que arremata até o mais gélido dos corações.

O documentário “pelas almas de bem” pinçou 3 personagens entre os mais de 40 que compõem o Zambiapunga – um professor do ensino fundamental (tocador de tambor), um agente cultural e DJ (tocador de búzio) e um pescador e coletor de dendê (tocador de enxada). Além disso, o registro audiovisual buscou captar o universo regional que fez com que aquela música brotasse. Antiga região de grandes fazendas e cultura escravagista hoje reúne várias comunidades quilombolas. As cores, os sabores e os sons têm explicitamente essa relação com a Africa e com suas manifestações ancestrais. E foi na madrugada da véspera do dia de finados que o Zambiapunga saiu as ruas com suas máscaras, capacetes coloridos, extrema energia pulsante de seus componentes e muita música, num movimento de renovação espiritual – expulsar os maus espíritos e deixar só as almas de bem reinarem. Fazem da mesmas forma que fizeram seus pais, avós, bisavós, tataravós. Pela cidade, moradores também vão pras ruas para assistir e participar de um amanhecer explosivo e marcante. Uma festa que celebra a resistência cultural tão diferenciada em uma região pouco conhecida pelos turistas brasileiros e tão ou mais interessante que as praias vizinhas de Boipeba e Morro de São Paulo. “pelas almas de bem” exorciza energias ruins e bota um gostinho de '”quero ver de perto”, “quero pulsar junto”.


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